Introdução

INTRODUÇÃO

O Eneagrama como tipologia é o estudo de uma figura de mesmo nome que alinha as personalidades ao longo de seus vértices. O Eneagrama é composto por três formas, como apresentado na figura acima. Primeiro, temos o círculo, que representa a Lei da Unidade, depois o triângulo, representando a Lei do Três e, por fim, a héxade, representando a Lei do Sete. Beatrice Chestnut explica em seu livro, “O Eneagrama Completo”: “O círculo simboliza a eternidade, a Lei dos Três representa a criação, e a Lei dos Sete sugere um funcionamento cíclico e ordenado”. O leitor pode estudar mais sobre a simbologia neste livro.

Quando partimos para o Eneagrama como sistema de personalidades, observamos um fluxo interno entre os tipos — indicado pelas setas, ou flechas. Na figura abaixo, tomei a liberdade de alinhar à figura imagens de personagens desenhados pela artista KERKIKERK, para facilitar ao leitor um entendimento básico. O mais deslumbrante do Eneagrama é a forma como as personalidades não são separadas em caixinhas, como ocorre com a Sociônica, onde cada tipo de IM é único e não tem em si desperto um aspecto influenciado pelo outro, mas movido por ele. No Eneagrama, por outro lado, todas as personalidades estão conectadas de alguma forma, pois correspondem a estados neuróticos, fixações do ego e mecanismos de defesa do ser. Em suma, a personalidade é abordada como um vício, algo neurótico, fixado e defensivo, que influencia a “queda” do espírito humano mediante os três venenos budistas fundamentais: anseio, aversão e ignorância.

As personalidades aqui são chamadas de “Eneatipos”, e são referenciadas por números de 1 a 9. Iniciamos pelo Eneatipo 9 (E9), ao topo da figura, caracterizado por uma personagem de cor verde. Então, movemo-nos à direita, partindo do E1 e seguindo por toda a figura, até chegar ao E8, à esquerda do E9. Mas como podemos identificar o Eneagrama dentro de um Homotipo? Vejamos o Homotipo da personagem Tristeza, de “Divertida Mente”, por exemplo: EII 4w5 SO/SP 459 Mel. Toda a parte do meio se refere ao Eneagrama. Lê-se uma “quatro-asa-cinco, social-conservação, quatro-cinco-nove”.

O Eneagrama é bastante complexo e interconectado. O que seria uma asa, então? Primeiro, devemos marcar que os Eneatipos estão em “movimento”. Quando o E4 está insalubre, para seguir com o exemplo da personagem, ele pode se mover em desintegração para o E2 (preferencialmente), de modo que o sentido de carência e a dor se tornam extremamente maiores e o drama toma sua forma como expressão. No entanto, quando saudável, o E4 pode se mover em integração até o E1, tornando-se mais expressivo sobre seus desejos e mais autoafirmativo e confiante. Assim como os movimentos, as asas são uma relação comportamental entre Eneatipos. Enquanto os movimentos ocorrem entre tipos conectados pelas linhas, as asas destacam a lateralidade de dois tipos. Todo Eneatipo traz características de ambos os tipos laterais, mas sempre podemos observar uma tendência maior a um do que a outro. Na personagem Tristeza, por exemplo, observamos um 4w5 mais do que um 4w3. Isso significa que a personagem demonstra mais características e estruturas adjacentes do E5 do que do E3.

Ademais, o que significaria [SO/SP] e [459]? No Eneagrama, temos não apenas 9, mas 27 Eneatipos no total. Isso se deve à divisão de subtipos mediante as variantes instintivas. Temos três variantes, Conservação (SP), Social (SO) e Sexual (SX), que se manifestam nos Eneatipos como uma variação do foco comportamental. Esses instintos buscam solucionar os problemas respectivos aos seus campos, destacando um foco nesse movimento. Um SX, por exemplo, foca mais na vida como uma necessidade de conexão um para um, enquanto um SO se preocupa mais com a vida em comunidade, e o SP na conservação dos próprios recursos e energia. Pode-se dizer, sobre o [459], que se trata de uma “segunda classe” de subtipo. Seu nome é Tritipo. Entretanto, não é necessário ao leitor iniciante ter tanto foco assim nos subtipos. Primeiro, é necessário entender os nove Eneatipos básicos, para somente então explorar as três variantes de cada um. Teremos páginas devidamente destinadas à elaboração de cada uma dessas partes.

Ao leitor iniciante, disponibilizo abaixo orientações de estudo.

O primeiro livro oficial que deve ser lido sobre Eneagrama é “Caráter e Neurose”, de Cláudio Naranjo. Também recomendaria a leitura do livro “O Eneagrama Completo”, de Beatrice Chestnut, embora o Homoscience não o tenha traduzido no Acervo. No entanto, “Caráter e Neurose” segue sendo a referência mais fundamental ao leitor de Eneagrama. O livro introduz muito bem à estrutura do Eneagrama como sistema, embora possa parecer um tanto abstrato. “O Eneagrama Completo”, por outro lado, observa o Eneagrama de modo bastante mais leve a didático. Contudo, sendo mais didático, podemos observar alguns equívocos ao longo do livro.

O Homoscience visa fornecer ao leitor uma boa introdução ao Eneagrama como sistema, de modo que a leitura do livro “Caráter e Neurose” possa ser lida, idealmente, após a conclusão da leitura da seção de Eneagrama. No entanto, um estudo simbólico acerca do Eneagrama pode ser interessante. Para este fim, recomendaria “O Eneagrama Completo”, mas, para qualquer outro fim mais sistemático e teórico, os trabalhos do Dr. Cláudio Naranjo são absolutamente imprescindíveis.

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