O dever da releitura

Seria incorreto dizer que é necessário reler os conhecimentos tipológicos, isso porque não é “necessário”, mas, na verdade, um «dever» daquele que se preza como um tipólogo. Inclusive, cabe dizer que um tipólogo deve, necessariamente, ser um tipador. Todo tipólogo precisa carregar consigo uma lista de tipagens, pois só assim será capaz de realmente entender os tipos.

Independentemente da área, conhecer é um ato de reconhecer. Ler é reler, assistir é reassistir, analisar é reanalisar, viver é reviver — independentemente do período, seja dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano, ou década a década. Fazer algo apenas uma vez é carregar um feto de conhecimento não desenvolvido. Para nascer de novo, devemos viver algo novo sucessivamente.

No que diz respeito às tipologias, é comum cairmos em desinformação ou vaguidão durante o início de nossa jornada. Levando isso em conta, é imprescindível a atividade da releitura. Acredito que o estudo das tipologias sempre tem duas etapas: na primeira, você começa a entender o que é o sistema e como ele se relaciona com aquilo que você já sabe; na segunda, você estuda o sistema mais uma vez e, desta vez, o que aprende é a unificar e polir todas as partes. Comigo, foi assim para todas.

O dever da releitura reflete o objetivo do Homoscience. Não acredito ser possível aprender tipologias apenas através do conteúdo deste projeto, pelo menos não algo além do básico. O objetivo do Homoscience é a releitura. O valor não está na originalidade de uma leitura, por exemplo, da diferenciação e explicação sobre a psicodinâmica dos Eneatipos feita por mim, mas na releitura dela após o estudo completo. Eu apenas recolho aquelas características mais fundamentais e, portanto, distintivas. O Homoscience é para organização, não para estudo. Para entender o ensaio mencionado, por exemplo, é necessário ler a obra mais fundamental sobre Eneagrama: Caráter e Neurose, de Cláudio Naranjo.

Beber do licor do Homoscience é beber de um conhecimento destilado.

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