Processo de tipagem

Entrevista


Chamamos de “tipagem” o ato de definir um caráter através das tipologias. No Homoscience, gosto de chamar de “Homotipo” aquele que confiro. O Homotipo é a união dos três sistemas (Socionics, Eneagrama, Temperamento — p.ex.: LSE 1w9 SO/SP 163 Col-Mel) para um entendimento mais completo e aprofundado sobre aquilo que entendemos por “personalidade”.

Antes de tudo, é necessário dizer: é inviável tipar alguém através de um documento ou por texto. A tipagem, quando feita com uma pessoa, deve ser elaborada como se num processo de terapia: alguém instruído com o conhecimento sistemático busca traduzir ou mesmo arranjar aquilo que o paciente sente, pensa ou deseja. O “terapeuta”, então, deve ouvir atentamente ao “paciente”, e deve, também, estabelecer um verdadeiro diálogo. O melhor método de tipagem é este que chamo de «entrevista».

Para orientar a avaliação tipológica, o entrevistador necessita ter bem organizados os sistemas em sua mente — tudo o que for mais fundamental deve estar na ponta da língua, e é este o objetivo do Homoscience: a distinção. Como o “valor saussuriano” (Saussure), uma pessoa é exatamente aquilo que as outras não são. Segue abaixo o processo adotado por mim, Dazzle:

Como o Homotipo é, em suma, o “triângulo” das tipologias, podemos partir de qualquer ponto. Tendo certeza de uma parte do caráter, podemos equilibrar toda a nossa concepção a partir desta. Se sabemos que é um Sanguíneo, sabemos que deve ser um extrotímico, ou mesmo um SEI. Levando em conta um SEI, temos o SO e o SX9, os quais somente podem ser alinhados com certos Tritipos. No entanto, no caso de uma entrevista com alguém que não se conhece, recomendo ao entrevistador seguir os seguintes passos:

  1. Apresente a distinção das tríades do Eneagrama (títulos) ao entrevistado e peça a ele para apontar uma com a qual mais se identifique, e outra com a qual menos se identifique. [Entendendo a ordem do Tritipo e a natureza das motivações.]

  2. Apresente ao entrevistado a diferenciação estrutural dos Eneatipos (final da pág.) da tríade indicada, de modo que ele escolha somente um com o qual mais se identifique. Se houver confusão, o entrevistador deve auxiliar na diferenciação. [Eneatipo central.]

  3. Apresente ao entrevistado a diferenciação entre as variantes do Eneatipo em pauta, indicando a escolha de um com o qual mais, e outro com o qual menos, o entrevistado se identifique. [Ordem instintiva.]

  4. Cheque o Temperamento RPA do entrevistado utilizando a tabela de mesclas temperamentais e correlações temperamentais, seja à Sociônica ou ao Eneagrama.

  5. Quando houver uma certeza do Eneatipo e do Temperamento, o Tritipo e o Sociotipo podem ser inferidos através da correlação geral. [Homotipo.]

Tipagem de personagens


Por outro lado, quando falamos de um personagem, o processo de tipagem deixa de ser uma entrevista e passa a ser, no sentido mais próprio da palavra, uma tipagem. Os sistemas e os conhecimentos necessários são os mesmos, mas, em muitas medidas, pode ser mais complicado tipar um personagem do que uma pessoa real. Por isso, gosto de estabelecer um “Grau ACR” para as minhas tipagens, isto é, um nível de análise, certeza e/ou relevância, que varia de 1,0 a 5,0.

Como personagens costumam ser caricaturas, geralmente prefiro partir de um ponto bem específico. Definir um dos pontos do Homotipo facilita construí-lo por inteiro. Por exemplo, se eu percebo o mais simples de um personagem — o Temperamento —, posso inferir seu Eneatipo ou seu IMT. Um Colérico somente se alinha a determinados tipos: LSE; EIE; SO3; SLE; SX8. E um Colérico de dobra Sanguínea se aplica a outros: SO1; SX1; EIE; SP3; SO3; E8.

Para exemplificar, observemos Benson Dunwoody, de “Apenas um Show”. Os traços mais fundamentais de Benson são de um Colérico (APR) puro. Partindo disso, analisamos as correlações tendo em mente os comportamentos de Benson. E observamos: Em nada se parece com um SLE, tanto menos com um SX8... E quem diria um SO3 ou SO2? Resta, então, ser este um LSE. Agora: De qual das formas da Ira estamos falando? Não parece ser o E1 Intelectual, nem dominantemente aquele Ativo. Então, trata-se, de um SX/SP. Para o SX1, temos os tritipos fixos 136 e 137. Nada vemos de um [7] em Benson, então só pode ser um 136. Mas seria este um 136 ou um 163? Certamente um 163.

Por fim, temos: Benson Dunwoody — LSE 1w9 SX/SP 163 Col. O primeiro passo é a tipagem, e o segundo: a reanálise. Partindo desta base, podemos analisar e ensaiar sobre o personagem de Benson, entendendo como o Homotipo pode ser aplicado para o entendimento de seu funcionamento e motivações. Além disso, quando se tem algo como o Bestiário, as comparações entre personagens podem ser bastante valiosas. Nessa comparação, notamos, por exemplo, que temos mais SX1 de instinto secundário SO do que SP. E, também, no (BTR, SX1: 27), vemos 16 SX1 de Tritipo 163, enquanto contamos com 10 de Tritipo 136 e apenas um 137. Entre os 16 163, apenas 5 são SX/SP. Fundamentalmente, parecem-se entre si — e, se não se parecerem, algo deve estar errado.

Correlações


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