Integrando Tipologias

No dicionário Dicio (online), define-se tipologia como “O estudo dos traços característicos de um conjunto de dados, que busca determinar tipos e/ou sistemas. / [Psicologia] Estudo sistemático dos traços de caráter [...].” O que são tipologias de personalidade, portanto? São modos diversos de arranjar a compreensão do funcionamento da personalidade humana. As tipologias abordadas no Homoscience são Sociônica, Eneagrama e Temperamento Hipocrático (RPA). A primeira observa a personalidade como um efeito de fatores psicológicos, sociais e organísmicos; a segunda, observa os tipos humanos mediante a estrutura triádica do ego; a terceira, por sua vez, define as quatro atitudes fundamentais humanas, quatro comportamentos centrais naquilo que se entende como personalidade.

Ao leitor que deseja ser um bom tipólogo, três coisas são imprescindíveis: 1º, a leitura em fontes confiáveis; 2º, um pensamento crítico bem desenvolvido; e 3º, a tipificação/tipagem de personagens, bem como a entrevista com pessoas reais. É inevitável ser confrontado, mas é justamente no erro que encontramos nossas maiores verdades, nossos maiores acertos — e estas, logo, também serão derrubadas. O Homoscience tem como valor central o tópico da «reanálise». Isso consiste em reanalisar de tudo: um texto sempre deve ser relido, algo sempre deve ser reanalisado, sempre deve-se repensar. Devido a isso, é necessário ao tipólogo lidar com pessoas reais e com personagens complexos a fim de aplicar — e portanto validar — suas teorias e seus conhecimentos. E vale mencionar que as tipologias não “prescrevem” a personalidade, não “separam as pessoas em caixinhas”, mas sim visam precisamente o contrário. As tipologias servem para que o indivíduo reflita, desperte insights, e se integre e entre mais em contato com o mundo desenvolvendo tanto quanto possíveis suas qualidades, e lidando tanto mais com seus pontos vulneráveis.

As tipologias possuem uma comunidade bastante nichada e, inegavelmente, dividida. Parte disso se deve ao orgulho de uns, à incompetência de outros, à imaturidade de alguns demais, etc. No entanto, o que observo como problema central da comunidade tipológica é algo crítico: nós não falamos a mesma língua. Por exemplo, quando falamos de Temperamento, uma teoria bastante mais básica e menos explorada, há muita confusão, pois há muitas vertentes de Temperamento. Desse modo, enquanto um aplica o Temperamento Hipocrático por Aportes, outro o aplica por Elementos. E outro utiliza aquele baseado em umidade e temperatura. Outro, ainda, utiliza como critérios a excitabilidade e a profundidade. E nem se fala do Temperamento DISC. Por isso, vejo como fundamental a necessidade de declarar no Homoscience quais são as vertentes exploradas e trabalhá-las de modo devidamente estruturado: a Sociônica é Clássica; o Eneagrama é Naranjiano; e o Temperamento é o RPA. Quando for mencionar qualquer outra vertente que não seja a aqui abordada, destacarei conformemente.

Por fim, como aplicar as tipologias? A densidade pode assustar e afastar quando não sabemos bem para que fim nos nutriremos do conhecimento. Devo comentar, portanto, com base em minha experiência, sobre a utilidade e aplicabilidade das tipologias como um sistema unificado (que no Homoscience tomarei a liberdade de chamar de “Homotipo”). Em primeira instância, compreender o Homotipo ajuda no trabalho individual, no desenvolvimento, como mencionado, sobre as potencialidades, qualidades e defeitos que possuímos. Pessoalmente, pude mudar de vida graças às tipologias. O convívio social e a atenção ao outro foi elevado a outro nível. O que gostaria de marcar bem aqui é como conhecer ao outro é conhecer a si mesmo, pois, inequivocamente, o outro está mais em nós mesmos do que nele propriamente. O que chamamos de “outro” não é apenas aquele a quem chamamos por um nome e com quem entramos em contato para trocar informações e experiências, mas também, essencialmente, aquilo que temos como expectativa.

Depois de entender a si mesmo, então, é essencial realizar uma análise sobre o mundo externo. Pessoalmente, eu parti para realizar entrevistas com pessoas próximas. Esse processo de definir o tipo de alguém é comumente chamado de «tipagem» na comunidade tipológica, embora também seja justo chamar de «tipificação» num tom mais culto e específico. Depois das entrevistas, parti para a tipagem de personagens. Este é um eterno WIP (trabalho em andamento). Atualmente, possuo 800 personagens (incluindo alguns famosos e outras figuras) analisados. Mas um dia já foram 120, para depois serem 240, e então 430, daí 540... E, quanto mais analiso, mais certeza tenho sobre aqueles que trago comigo desde tanto tempo atrás. Uma lista ou tabela de tipagens como o Bestiário é essencial para um tipólogo, pois nos concede uma capacidade adicional de julgamento durante a análise: a comparação.

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