Por que não ao MBTI?

No conjunto de tipologias que aplico no Homoscience, faço uma divisão a partir do triângulo do Eneagrama. Por seu foco na neurose e interpessoal, embora possua outras áreas, considero o Eneagrama o «lado direito» do «Homotipo»; enquanto isso, dada sua natureza psicológica, mais sistemática e analítica, relaciono a Sociônica ao lado esquerdo; e, por último, o Temperamento Hipocrático é delegado ao topo do triângulo, correspondendo às motivações instintuais de um indivíduo.

Antes do Homoscience, eu utilizava o MBTI. Muitas vezes fui instruído a abandoná-lo, e até mesmo fui alvo de piadas por usá-los. Quando finalmente fui devidamente apresentado à Sociônica, percebi a complexidade... O máximo que se pode aprender sobre MBTI não chega aos pés do básico da Sociônica. O Myer-Briggs não foi criado por pessoas formadas em qualquer área próxima à psicologia, e tampouco possui objetivos relacionados. Ele é uma forma de categorizar as pessoas para o âmbito empresarial.

O grande problema do MBTI se dá distorção das funções. Tomemos por exemplo o INTP — Ti-Ne-Si-Fe. Ele não corresponde ao Ego Ti-Ne em Sociônica. Um INTP do MBTI é, na verdade, um ILI [Ni-Te]. As funções cognitivas do MBTI diferem em muito da proposta Junguiana, de modo a distorcer a compreensão em todo o sistema Homotípico. Não há como entender um tipo sem compreender todas as suas dimensões. Por exemplo, não existe um INTJ E8, ou um ISTP SP5 — correlações que frequentemente tomam a cena no Personality Database. Ainda que tenham o mesmo objeto, estudantes desses três diferentes chegam a conclusões dispares. Faz sentido um EIE ser tido como INTJ no MBTI, pois este sistema é demasiado limitado e incompleto para abranger uma análise mais precisa.

Além disso, a Sociônica apresenta um modelo de oito funções em vez do sistema quadrático do MBTI. Isso pode parecer confuso, ou mesmo maçante, mas entender a mente humana não deveria ser, de modo algum, «mais simples». Em adição, ainda, as cargas tanto mais enriquecem a compreensão do tipo. Fora a compreensão do fluxo informacional entre as “funções”, sua divisão em blocos e anéis e a teoria das relações intertipo. A injustiça de comparar a Sociônica ao MBTI é a mesma de comparar um carro a uma carroça. Um só pode ser comparado ao outro para ter provada a sua própria pateticidade e inferioridade.

Por fim, acredito que a “mudança de tipo” durante a transição de um sistema para outro pode incomodar alguns. Alguns ISFP são SEI (Si-Fe), outros são ESI (Fi-Se). Alguns INTP são ILI (Ni-Te), outros LII (Ti-Ne). Mas tudo bem, basta se acostumar. Isso ocorre não só pela diferença organizacional entre os sistemas, mas principalmente pela diferença conceitual entre os elementos do metabolismo informacional e as funções cognitivas — que se provam bem mais apropriadas, distintas e bem definidas em relação às do MBTI, e que se aproximam das de Jung.

N/A: Chamo de "Homotipo" a união entre os tipos dos três sistemas. Exemplo: Mike Wazowski: LSE 3w2 SP/SO 317 Col.

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