Estrutura do Modelo A

O Modelo A recebe este nome em homenagem ao nome de Augusta. O Modelo J, por sua vez, destaca a proposta de Carl Gustav Jung. O Modelo A é uma estrutura extremamente complexa, e por isso necessitamos descrevê-lo por partes. Deve-se reiterar, ainda, que um modelo científico consiste num conjunto de conceitos, procedimentos e critérios que simplificam a complexidade da realidade para explicar um objeto de estudo de maneira lógico-pragmática. Toda ciência modeliza, e precisamente por isso é impossível abranger a complexidade da realidade. (Essa extensa definição foi disposta em minha sala pelo professor Paulo Gonçalves Segundo.)

O Modelo A organiza o metabolismo informacional, dando assim origem aos tipos sociônicos. Para tanto, existem algumas regras específicas, que serão elaboradas nos tó­picos abaixo. (Para cada uma das explicações, constará uma imagem linkada. Certifique-se de verificá-las para um melhor entendimento.) Para cada uma das distribuições, exemplifiquei com o tipo ESI.

  • As funções aceptivas e produtivas de blocos externos e internos compartilham diretamente seu domínio. Os eixos são {líder-observadora}, {criativa-demonstrativa}, {contato-sugestiva} e {vulnerável-mobilizadora}. [Fi-Fe / Se-Si / Ti-Te / Ne-Ni].

  • Os direcionamentos de um modelo são distribuídos intercaladamente entre as funções aceptivas e produtivas. Os eixos são {líder-contato-mobilizadora-demonstrativa} e {criativa-vulnerável-sugestiva-observadora}. [Fi-Ti-Ni-Si / Se-Ne-Te-Fe].

  • A racionalidade se distribui linearmente ao longo das funções aceptivas e produtivas. Todas as funções aceptivas serão de uma racionalidade, e as produtivas serão complementares. Os eixos são {líder-contato-sugestiva-observadora} e {criativa-vulnerável-mobilizadora-demonstrativa}. [Fi-Ti-Te-Fe / Se-Ne-Ni-Si].

  • Os elementos estáticos/dinâmicos são distribuídos ao longo das funções de um mesmo anel. Os eixos são {líder-criativa-contato-vulnerável} e {sugestiva-mobilizadora-observadora-demonstrativa}. [Fi-Se-Ti-Ne / Te-Ni-Fe-Si].

A partir dessas quatro regras organizacionais, a Sociônica toma forma e se consolida com dezesseis tipos sociônicos. Algumas observações também podem ser levadas em conta a partir disso. A primeira delas é que, para cada IME alinhado a uma função, haverá um total de dois tipos possíveis. Para a função Fi, existem apenas duas possibilidades de alinhamento em seu mesmo bloco. Deve ser um elemento perceptivo extrotímico: Se ou Ne. Se for Se, teremos o ESI, e se for Ne, teremos o EII. A cada função elementar da qual tomamos ciência, diminui-se o número de tipos pela metade. Quando descobrimos o bloco de um tipo, sabemos inequivocamente qual seu IM.

Sabendo que a função líder é Fi, também saberemos a ordem de {contato-sugestiva-observadora}. Assim sendo, um tipo de Fi Líder terá, necessariamente, Ti Contato, Te Sugestiva e Fe Observadora. Além disso, a depender do elemento com que se une em seu bloco, será esta positivista ou negativista — as cargas serão consideradas mais adiante. Chamamos isto de blocagem, ou bloqueamento.

Blocagens não são blocos específicos de um tipo, mas o mero arranjo dos elementos em blocos propriamente ditos. Assim, a blocagem EII (Fi/Ne) estará presente nos tipos sociônicos EII, LSI, LSE e EIE, para cada um dos quais a mesma estará em posição, respectivamente, de Ego, Superego, Superid ou Id. (Para nos referir às blocagens, podemos utilizar os nomes dos tipos de IM, visto que estes destacam um bloco Ego. Podemos dizer, por exemplo, Superego EII para nos referirmos ao LSI, ou Superid EII para o LSE, e Id EII para o EIE.)


De modo geral, o Modelo A possui escalas. A primeira delas são os anéis, que se dividem entre Mental e Vital. Os anéis também são chamados, respectivamente, de Ativo e Passivo, um nome que me parece particularmente mais apropriado conceitualmente, e que Augusta costuma utilizar em seus trabalhos. A segunda escala são os blocos, que se divi­dem entre Ego-Superego (Men­tais-Ativos) e Superid-Id (Vitais-Passivos). A última das escalas são as fun­ções, que se dividem em Líder-Criativa (Ego), Contato-Vulnerável (Superego), Sugestiva-Mobilizadora (Superid), e Observadora-Demonstrativa (Id).

A tabela abaixo demonstra tudo o que expliquei, com um adicional das dimensionalidades, que não serão tratadas neste manual.

A ordem das funções pode parecer estranha na tabela. Ela segue a ordem do diagrama do fluxo informacional. Augusta acreditava que, em vez de serem completamente independentes, as funções estão conectadas entre dois anéis, com as informações fluindo entre si em uma direção predeterminada. Isso significa que, além das informações externas, cada função também recebe algumas observações e conclusões da função que a precede no mesmo anel. Confira:

Nesse sentido, a função criativa sempre funciona sujeita à líder, sujeita às informações que recebe dela, e por isso sua produção parte dos desejos dela. A função contato, por sua vez, é a função de entrada do Superego, caracterizando-se assim como aceptiva. Para a sua realização, uma pessoa utiliza aquilo que já veio da função criativa, que por sua vez veio da função líder. E assim também sucede para a função vulnerável. É interessante notar, ainda, o ciclo no qual isso nos insere: a função líder recebe observações e conclusões do elemento vulnerável, o que a leva a agir por ele. Assim, todo o sistema opera simultânea e conjuntamente. Nada no Modelo A funciona sozinho, pois tudo é um processo que, mais ou menos consciente para nós, pode ser observado em retrospecto. (Mesmo as Neuroses podem ser explicadas pelo Modelo A.)

Além disso, note que os anéis têm sentidos opostos. Enquanto no anel ativo as informações vêm do externo para o interno, no passivo ocorre o oposto. Desse modo, se o Superego age a partir das informações do Ego, no anel vital é o Id quem age a partir das informações do Superid. Da dificuldade de processamento na função sugestiva, surge a produção da função mobilizadora para tentar orientar o IM. A partir das informações geradas pela mobilizadora, e observadora compreende quando e como deve agir. E, da observadora, produzem-se os aspectos demonstrativos. Ainda assim, por efeito deste mesmo sistema do fluxo informacional, ocorre que o Ego age pelo Superego, na mesma medida em que o Id age pelo Superid. Isso é a cinética.

O diagrama acima, proposto por Karol Pietrak, demonstra a relação entre as partes do Modelo A e os conceitos elaborados por Carl Jung. Afinal, poderíamos dizer que Sociônica é algo como uma vertente neo­junguiana. Acredito que o diagrama é interessante, embora não deva ser alvo de tanta preocupação por parte do leitor até então. Destacarei mais sobre ele mais adiante. Por ora, seguem-se abaixo destaques mais relevantes.

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