Positivo vs. Negativo
Como observamos na imagem da página 8, os elementos do IM seguem uma ordem específica e são organizados em anéis: um estático e um dinâmico. Todos os elementos do anel estático do IM são estáticos, e todos os elementos do anel dinâmico do IM são dinâmicos. Um tipo sempre será formado por estes dois anéis, que assumem uma ordenação diferente e complementar. Os anéis do IM também dão origem às regras que mencionamos sobre a formação do Modelo A. As cargas também advêm dos anéis do IM. Digamos que esse direcionamento do fluxo dos anéis do IM dá origem a uma nova “dicotomia”: involução vs. evolução.
Os tipos involutivos adotam uma abordagem passiva e minimizadora do anel estático do IM, e uma abordagem ativa e expansiva do anel dinâmico do IM. Os elementos estáticos de um tipo involutivo são negativos [–], enquanto seus elementos dinâmicos são positivos [+]. Os tipos evolutivos, por outro lado, adotam uma abordagem ativa e expansiva em seu anel estático do IM, e uma abordagem passiva e minimizadora em seu anel dinâmico do IM. Desse modo, seus elementos estáticos são positivos [+], enquanto seus elementos dinâmicos são negativos [–].
Toda essa explicação é bastante complicada, mas não é necessário entendê-la muito bem agora. Com efeito, acredito valer mais a pena conhecer a aplicação deste conceito do que precisamente seus fundamentos. O conceito de involução vs. evolução leva ao que chamamos de cargas. As cargas psicológicas podem ser compreendidas como forças que moldam o fluxo de energia e informação dentro de uma estrutura psicológica. Elas se dividem em duas polaridades distintas, mas complementares: Positiva e Negativa, cada uma desempenhando papéis cruciais e interdependentes no equilíbrio e na interação com o ambiente. As cargas são um componente fundamental para o entendimento da Sociônica. Acredito que elas são o mais belo diferencial entre os Modelos A e J, sem nem mencionar o MBTI. Não pude apresentá-las antes, no entanto, por ser um conceito um tanto complicado.
As blocagens ILE e IEE, seguindo o exemplo, sempre serão positivista e negativista, respectivamente. Portanto, nos tipos ILE, SEE, SEI e ILI temos os blocos ILE (Ne/Ti +). Não é exatamente necessário mencionar que esta blocagem é positivista, visto que sempre será, independentemente de ser Ego, Superego, Superid ou Id. Essa mesma blocagem tem manifestações diferentes ao depender de seu bloco específico. No ILI, se manifesta como o Id, ganhando a forma passiva de aspirações, desejos e anseios sobre a exploração e a inovação de ideias lógicas. No SEE, a mesma blocagem é posta como Superego, denotando um sentido de discrição, conformidade, autocrítica e observação das ideias lógicas sobre o mundo. No SEI, por fim, sendo este o dual do ILE, a mesma blocagem está como Superid, caracterizando vulnerabilidade, dependência e medo sobre as inúmeras possibilidades lógicas do mundo.
Abaixo, disponibilizo uma descrição geral das cargas e de seu funcionamento, retirada do artigo “Aspectos Polarizados III”, do Homoscience.
A Carga Positiva, caracterizada por sua natureza expansiva, direciona sua energia para fora. Essa carga emite sinais para o ambiente externo, buscando estabelecer conexões e influenciar o que está ao seu redor. Sua função principal é promover a união e a difusão de ideias, projetando suas intenções no mundo e interagindo ativamente com ele. Pode-se imaginar a Carga Positiva como um campo magnético que atrai e agrega elementos, ampliando sua área de influência e impactando o meio de maneira expansiva.
A Carga Negativa, por outro lado, possui uma natureza condensativa, mais voltada à recepção e absorção de sinais do ambiente externo. Ao contrário da Carga Positiva, que se expande, a Carga Negativa se concentra, internalizando as informações recebidas para manter o equilíbrio interno através da condensação. Sua função é introspectiva, focada na assimilação e organização das influências externas. Essa carga age como um núcleo gravitacional, que atrai e condensa energia e matéria, estabilizando o sistema ao seu redor em vez de influenciá-lo diretamente.
Juntas, essas duas cargas formam uma dinâmica cíclica essencial para o funcionamento do metabolismo informacional individual e social. A Carga Positiva facilita a comunicação e a prospecção, enquanto a Carga Negativa permite a reflexão e o equilíbrio. Essa interação garante que o indivíduo possa tanto interagir eficazmente com o ambiente quanto manter um estado de resiliência e adaptabilidade, essencial para seu desenvolvimento e bem-estar.
As cargas são sempre complementares na mente de um indivíduo, sendo que uma delas será ativa e mental em sua consciência, enquanto a outra será, necessariamente, passiva e vital em sua atividade. Um elemento de carga positiva será, necessariamente, influenciado passivamente por um elemento inverso de carga negativa. A Fi+, por exemplo, tanto se preocupa quanto é subconscientemente influenciada pela necessidade de bem gerenciar os movimentos e recursos do mundo (Te-), ao passo que o Fi- tem como preocupação e foco a mobilização e empreendedorismo mais que a adaptação a movimentos pragmáticos pré-existentes (Te+). Isto é a polaridade informacional. O foco em um dos polos não apaga o outro, mas tende a, por fixação, rejeitá-lo.
Na figura acima, representa-se com precisão o funcionamento das cargas positiva e negativa. As linhas tracejadas destacam os campos de influência e o direcionamento energético, enquanto as linhas cheias destacam os horizontes corporais, os limites de exploração. As setas, por sua vez, apontam o direcionamento do fluxo energético, ao passo que os centros podem ser compreendidos como o indivíduo em si, sua força. Note, ainda, que o centro da carga negativa foi destacado com um tamanho levemente maior. Considerei relevante fazer assim para destacar a maior densidade corpo negativo. (Podemos dizer, também, que a carga negativa tem um maior foco em si própria e em seu crescimento, enquanto a positiva tem uma maior preocupação com a conexão, com uma espécie de networking.)
A densidade dos elementos negativos é acentuada em vista do menor campo de influência desses elementos, devido à sua passividade. Ocorre que os negativistas tendem ao acúmulo, e por isso tornam-se, simultaneamente, mais densos e levemente maiores. (Essa acentuação no tamanho do indivíduo central também poderia destacar a tendência orgulhosa, avarenta e preguiçosa dessas pessoas.) A densidade do corpo positivo, no entanto, é menor, pois seu campo de influência é maior.
Se os negativistas são avarentos, os positivistas são aqueles que se doam para o ambiente. Os limites do positivismo parecem mais distantes, ao passo que sua influência parece bastante mais próxima, ou seja, há uma facilidade na conexão e na fusão com o mundo. Eles desejam envolver o mundo com suas ondas e cores, e seu corpo cresce na mesma medida que suas influências. O corpo do negativista, no entanto, tem um limite bem mais firme e, por isso, torna-se mais denso e discreto, ao passo que o positivista é mais volátil, disperso e presente.
Um positivista se move em direção aos limites da vida e recebe abertamente as influências externas. Um negativista, por outro lado, mantém firmes os seus limites sobre a vida e a sente como uma missão essencialmente individual orientar essas influências pelo caminho mais consistente. É difícil adentrar os limites de um negativista, mas é fácil influenciá-lo se os desejos forem consonantes ao seu centro. Por outro lado, pode ser difícil influenciar um positivista se forem ultrapassados os seus limites. Isso ocorre porque os positivistas são menos defensivos e mais abertos, mas não podem abrir mão de seus limites, ainda que sejam menos evidentes a priori. Os negativistas, por outro lado, são notadamente mais defensivos, mas, em alguma medida, menos fechados. Eles somente se fecham se notarem que a influência do externo não se alinha aos seus desejos centrais. Os negativistas julgam a posteriori. Em suma, somente o que se adequa aos limites de um negativista pode influenciá-lo, ao passo que apenas aquilo que parece promissor recebe o investimento geral de um positivista.
Last updated
