Estrutura dos Blocos

Já mencionamos os blocos diversas vezes ao longo deste arquivo, mas agora é hora de começar a vê-los em detalhe. Deixo-os na oitava posição porque, antes de entendê-los, acredito ser necessário ter ciência sobre sua divisão em anéis. Neste capítulo, portanto, os blocos sociônicos consolidarão o modelo como um todo.

Como visto, os blocos Ego e Superego são mentais, ao passo que Id e Superid são vitais. Não é necessário destacar os blocos como blocos a todo momento no contexto da teoria sociônica, salvo em casos nos quais forem possíveis confusões. As opções de escrita são [Ego], Ego ou bloco Ego. Os nomes dos blocos também devem seguir as regras de hifenização do português, e por isso diz-se Superego e Superid, sem hífen.

Assim como tudo na teoria sociônica, os blocos possuem dicotomias. Tratamos da primeira e mais geral delas na seção 7.1. Aqui, falaremos de duas adicionais. A primeira delas será cinético vs. potencial, que também recebe o nome de expansivo/negociador vs. intermediário. Os blocos Ego e Id são cinéticos, ao passo que os blocos Superego e o Superid são potenciais. A segunda das dicotomias adicionais será verbal vs. não verbal, também conhecida como valorizado vs. não valorizado. Aqui, vale ressaltar, utilizaremos apenas os nomes primários devidamente destacados.

Os nomes dos blocos também não são arbitrários; eles partem dos conhecidos conceitos freudianos. O único elemento novo aqui seria o Superid, que não consta na obra de Sigmund Freud. Em síntese, nas obras de Freud estes elementos significam o seguinte:

  • Ego: A parte racional da personalidade. Envolve o princípio da realidade, mediando entre as demandas do Id e as exigências do mundo externo. Sua operação ocorre em níveis conscientes e pré-conscientes, buscando satisfazer os desejos do Id de forma realista e socialmente aceitável. É uma estrutura que utiliza da razão e do pensamento lógico para tomar decisões e lidar com as situações.

  • Superego: A parte moral da personalidade. Representa a internalização das normas e valores sociais, agindo como uma espécie de consciência moral. (No Eneagrama, o Eneatipo I é destacado por seu superego, dado seu hipermoralismo.) Para Freud, o Superego opera sobre todos os níveis da mente: inconsciente, pré-consciente e consciente. No superego, define-se um autoideal, uma ideia do que o indivíduo deve ser ou ao menos aspirar a ser. Diante da violação das normas sociais, o indivíduo é vítima de sentimentos de culpa e vergonha conscientes.

  • Id: A parte mais primitiva da personalidade. Um princípio de prazer. A busca imediata da satisfação de desejos e impulsos biológicos, como fome, sede e sexo. Um princípio que opera num nível inconsciente, sendo governado por instintos e pulsões primitivas. É irracional, não se preocupando com as consequências de suas ações, mas apenas com a obtenção de prazer.

Os conceitos acima podem ser diretamente relacionados aos blocos sociônicos. No entanto, em sua estrutura, os blocos podem diferir bastante dos conceitos freudianos. Em “Uma Análise Sobre o Sócion”, Karol Pietrak destacou o significado dos nomes Superego e Superid como «aquele que supervisiona» em relação ao seu respectivo bloco cinético. O Superego, portanto, é um supervisor da cinética consciente do indivíduo: seu Ego; e o Superid, supervisor da cinética vital do indivíduo. Se o Superego pode se tornar especialmente crítico sobre aqueles que não se adequam aos ideais conscientes do indivíduo, o Superid entra em crise quando as pessoas não lhe dão o que é necessário. Uma pessoa está mais propensa a “surtar” em seus blocos potenciais, mas em um é algo mais como “isso não deveria ser assim, você deve fazer isso pela sociedade”, enquanto no outro (Superid) o discurso apenas ganha o diferencial de não ser pela sociedade, mas pelo próprio indivíduo.

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