Modelo A em Síntese

A estrutura do sistema Sociônico proposto por Aushra Augustinavichiute difere bastante da proposta de Jung e de Myer-Briggs. Enquanto em Jung e no MBTI existem as funções dominante, auxiliar, terciária e inferior, na Sociônica nos deparamos com oito funções. As funções são os compartimentos do Modelo A (o nome que se dá à estrutura psíquica sociônica), nos quais são comportados os elementos do metabolismo informacional — também chamados de IMEs, ou simplesmente de elementos. As funções são, da primeira à oitava: Líder, Criativa, Contato, Vulnerável, Sugestiva, Mobilizadora, Observadora e Demonstrativa. Há ainda outros nomes para cada uma delas, mas o Homoscience se valerá principalmente destes oito em suas traduções e produções.

Em breve menção: A função líder pode também ser chamada de base ou programa. A contato de role ou, em algumas traduções malfeitas, de papel. A vulnerável costuma ser chamada, em in­glês, de PoLR, que se traduz para PMR em português: ponto de menor resistência. A sugestiva e a mobilizadora seguem sólidas em seus nomes, mas a observadora costuma ser chamada de ignorada. Tomei a decisão de chamá-la de observadora por fidelidade ao nome original comum da literatura russa.

Uma estrutura tão complexa pode ser arrebatadora para um iniciante ou alguém que recentemente migrou do MBTI ou de Jung. Honestamente, tive dores de cabeça (literais) quando fui apresentado a este sistema apropriadamente, mas, com calma, pude começar a compreendê-lo sem maiores dificuldades. (Para o imigrante do MBTI, o meu conselho é que apenas jogue no lixo todo o “conhecimento” que acumulou. Ao imigrante dos tipos psicológicos de Jung, deixo claro que os tipos são diretamente correlacionados, mas é melhor manter-se aberto à solidez da Sociônica, utilizando o conhecimento acumulado de Jung apenas para complementar a compreensão dos IMEs, entre outros conceitos.) Mas, deixando o medo de lado, observemos a seguinte estrutura que denominamos Modelo A:

Um tipo de metabolismo informacional (tipo de IM; sociotipo; tipo sociônico) possui dois anéis, sendo um deles mental-ativo e outro vital-passivo. O anel mental é aquele das informações conscientes e ativamente exercidas, ao passo que o anel passivo é um de natureza mais vital, corporal, subconsciente e de atividade passiva.

Os anéis comportam, cada um, dois blocos. Temos quatro blocos na Sociônica: Ego e Superego, Superid e Id. No Ego e no Superid temos as funções que no MBTI são tidos como as quatro funções (dominante, auxiliar, terciária, inferior). No Superego, temos funções socialmente conformistas, enquanto no Id temos funções demonstrativas, que destacam as capacidades do organismo e que buscam ser exemplares para a sociedade.

Nesta imagem, retirada do site “School Classic Socionics”, consta o Modelo A, conforme descrito acima. Note que, além das funções, blocos e anéis, existem setas entre as funções. Isso representa algo chamado de «fluxo informacional», a ideia base do Modelo. Augusta acreditava que, em vez de serem completamente independentes, as funções estão conectadas em dois anéis, com as informações fluindo entre as funções de cada anel em uma direção predeterminada. Isso significa que, além das informações externas, cada função também recebe algumas observações e conclusões da função que a precede no anel. Disso, também nasce que algumas funções são aceptivas, ou repro­dutivas, enquanto outras são produtivas, ou decisivas. Isso se apresenta no gráfico abaixo com setas apontando de fora para as funções aceptivas.

As funções aceptivas são funções de entrada informacional e atuam como espelhos, refletindo a realidade tal como ela é perce­bida. São receptoras passivas de informações, captando os dados brutos do mundo e­x­te­rior sem filtrá-los ou interpretá-los. Elas “aceitam” a realidade como ela se apresenta; o indivíduo não produz, mas lida com o que já existe. São como câmeras fotográficas, registrando a imagem de forma objetiva. As funções aceptivas buscam a correspondência com o mundo externo, esta­be­le­cendo uma conexão empática com os objetos percebidos.

As funções produtivas, por sua vez, são funções de saída informacional, caracteri­zan­do-se como agentes ativos, que transformam os dados brutos captados pelas funções aceptivas em significados e ações. Elas arquitetam nossa realidade interna, construindo nossas percepções, crenças e valores. As funções produtivas são criativas e subjetivas, moldando a realidade de acordo com as experiências e necessidades individuais. Elas não apenas reagem à realidade, mas também a transformam, adap­tando-a aos seus próprios objetivos. Se as funções aceptivas são espelhos, as funções produtivas são pintores, que criam uma obra de arte a partir da imagem refletida.

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