Origem e Proposta

A Sociônica é uma teoria de personalidade e processamento informacional baseada nas teorias de Carl Gustav Jung e Antoni Kepinski, que descreve como padrões fixos de cognição formam a personalidade humana e como essas personalidades interagem entre si de um ponto de vista social. Mais precisamente, um sistema de processamento informacional inerente ao tipo de personalidade (cibernética) tem efeito sobre o comportamento da pessoa desse tipo (psicologia), que por sua vez tem efeito sobre outras pessoas na sociedade (sociologia).

Na década de 1960, a psicóloga lituana Aushra Augustinavichiute (abrev. Augusta) desenvolveu um interesse pela tipologia de Jung após ler sua famosa obra “Tipos Psicológicos” (1921). Em 1968, houve uma sessão em que Augusta teve um “momento Eureka”, em que o modelo de 4 funções de Carl Jung (Modelo J) teve de ser expandido para 8 funções para dar conta de todos os aspectos da realidade dentro de uma pessoa. Isso não apenas expandiu o número de tipos psicológicos de 8 para 16, mas Aushra também observou que os 8 psicológicos originais eram, na verdade, os diferentes aspectos da realidade. Ela chamou essa estrutura de Modelo A, em homenagem ao seu sobrenome. Em 1980, a Sociônica foi fundada e delineada na íntegra em suas obras fundamentais “Sócion” e “A Natureza Dual do Homem”, aprimorando os tipos psicológicos de Carl Jung e a teoria do metabolismo informacional de Antoni Kepinski.

O objeto de estudo da Sociônica é o mesmo da tipologia de Jung ou do MBTI. No entanto, a Sociônica se destaca como mais complexa, precisa e rica para análises em comparação às duas últimas. A teoria apresenta várias novas dimensões à compreensão dos aspectos originalmente propostos por Jung e, subsequentemente, distorcidos pela teoria de Myer-Briggs. Mas, mesmo com tamanha riqueza, a Sociônica deve ser, mais do que as duas últimas, devidamente destacada como uma «pseudociência». Isso ocorre porque certas partes da teoria — em geral aquelas que não se relacionam com a proposta de Jung — arriscam afirmações sobre fatores que não são comprováveis pelo método científico. No entanto, mesmo com a questionabilidade de certos campos da teoria, ela se prova bastante eficiente e eficaz em sua análise. Ao ser uma pseudociência, não se entende que é necessário rechaçar completamente seu conteúdo, mas apenas mantê-lo em dúvida e ter consciência de que boa parte das coisas não reflete algo “verdadeiro”. O próprio nome Modelo A pode ser analisado. Um modelo científico consiste num conjunto de conceitos, procedimentos e critérios que simplificam a complexidade da realidade para explicar um objeto — de modo lógico-pragmático. Toda ciência modeliza, e precisamente por isso é impossível abranger a complexidade da realidade.

A validade científica da Sociônica só se torna verdadeira na mesma medida em que seu usuário exerce seu próprio pensamento crítico e sua pesquisa. Como toda tipologia, a Sociônica não descreve a realidade por completo, mas nos abre caminho para entender os aspectos que abrange. Necessitamos criticá-la e complementá-la, como se deve fazer com absolutamente tudo na vida. Para tanto, o Homoscience se vale de um agregado tipológico entre Sociônica, Eneagrama e Temperamento, ao qual concede o nome de Homotipo, ou HTPI (Homotype Personality Indicator).

Para complementar, leia: O que é Sociônica e Metabolismo Informacional.

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