Acompanhamento — 16.04.24

Sou o limão entre as laranjas. E posso até ser menor e menos doce, menos popular entre as pessoas compulsivas, mas os diligentes têm deleite ao me encontrar.

Já encontrei com maçãs, com uvas, laranjas, melancias, e até com acabactes. Mas apenas os tomates me abraçaram de verdade. Trataram-me com humildade, e com um tom de mistério e sabedoria — afinal, geralmente são mais velhos, com outros tipos de mania.

E descobri que não há problema em não ser de natureza doce. Mas sou forte: muitas vezes, ligo o foda-se. Mas o que importa é se encontrar. Nunca aceitaria me adocicar... Porque, então, não seria mais eu. Seria um ateu da minha própria divindade, da minha individualidade e da minha sinceridade. Ademais, perderia o que tenho a oferecer. Ainda não a encontrei, mas estou em busca de merecer.

Não sinto que este é o meu lugar: mas vou lutar para que seja. E, um dia, vou amadurecer, alguém vai me amar. Ainda que abóbora ou cereja, as pessoas certas e boas vão me escolher, e muitas coisas vou conquistar com aqueles com os quais eu aprender a amar.

Sou o limão entre as laranjas; mas fico feliz em ter nascido limão, e por cada decepção, desilusão e rejeição. Passando de mão em mão, não entro em depressão por aqueles que não me amaram, que não me escolheram. Pelo contrário! Fico feliz de saber que aqueles que realmente me amaram nunca me distorceram, nunca me esqueceram, e sempre comigo amadureceram.

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