Verde Licor — 11.04.24

Moro dentro de um jovem escuro; mas, em verdade, sou adulto — e muito me esclareci. Tanto me esclareci que me sinto branco, e, por muitas vezes, o luminoso no lugar.

Mesmo sem ver a mim mesmo, escondo-me por trás dos olhos do jovem negro e observo os outros com escrutínio. Meus ouvidos são afiados, e aproveitei-me deles para costurar meus lábios. Necessário, falaremos somente o necessário.

Mesmo que os anos de dor tenham me feito enrijecer como um adulto, será que eu deveria voltar a olhar nos olhos de Medusa deste mundo? Deveria correr o risco de petrificar o resto do meu ser?

Minha casca — minha pele, minha carne —, é de pedra. No interior, no entanto, ainda resta um brando licor de mim mesmo, sendo preservado na garrafa de sangue e em formato de coração, sob a ameaça de caça da esponja de pensamentos.

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