Amígdala — 10.06.24
Pobre homem, que tanto sofreu ao se excitar.
Repleto de medo, decidiu se amargurar.
Nunca se deixou levar pelo que te consome.
E agora? Tem medo de perder o controle.
Vive sem viver, imóvel, preso no autocontrole.
E seu coração já não mais deseja.
Gagueja, e já não mais graceja durante peleja.
Almeja a vida, mas sem notar, a despeja.
Mas bem veja! No fundo, um calor lateja.
No teu fundo mais profundo — oh, moribundo!
Nada em ti há de imundo — apenas contundo.
Mas rubro, oh fogo, de cor indefinida,
Jamais brilhastes de verdade,
E nunca sentistes a verdadeira vida.
Seria todo esse fracasso medo da verdade?
Ou seria alguma deficiência na amígdala?
É doce e negro o teu medo tão amargo.
Aquele, de nunca ter identidade!
Nunca pôde te redimir com teu passado
Não importa a idade, tu sempre se abates.
E não há néctar tão saboroso como o teu!
Envelhecido durante anos,
Fruto de uma vida que não se viveu.
Existira há tanto por baixo dos panos,
E nunca alcançaste o Apogeu.
Esse cheiro me excita — tão covarde!
Esconde-se, foge da cidade.
Mas em nada pode fugir dessa vida aflita.
E tens medo porque não visto pele de abate
Tolo como és, basta que eu minta.
Sabes que sou verdade. E por isso me evita!
Sem pelos brancos ou sujos da inverdade,
Veremo-nos ao fim de sua fita
Não sou amiga e não sou bode. Sou morte.
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