Mármore Inesculpido — 11.06.24

Por que sou condenado a amar você,

E a depender das tuas árvores?

Por que me dar se não posso morder?

Seria eu apenas um de teus mármores?

Já és frio, insensível e indiferente o meu

Mármore pulsante, esperando ser lapidado.

Espera duro e pálido pelo toque teu.

Inseguro e árduo, morre a ser amado.

Porque somente ao toque do teu pincel

Lembro das minhas cores mais quentes.

Porque ele me tira o véu e leva-me ao céu

De cores ardentes, valentes feito o mel

Um toque macio e tintoso, que liberta,

Que ascende, que irrompe os meus muros

Abala minha mente cega e vale minha moeda

Desce-me do Abismo e alenta meu lamúrio

Mas não me rendo, continuo sendo bruto,

Morrendo de medo desse mundo abrupto.

No fim, não és absoluto, só substituto.

Então continuo mudo e sem dar fruto.

(Não tem como. Minha árvore está de luto.)

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